Santo Antônio, hoje é seu dia. É também noite de lua cheia. Noites claras de lua cheia são propicias ao amor. Noites como essas são para contemplar o amor, aconchegado um nos braços do outro.
Sim, Santo Antônio, eu tenho um amor! Ah, Deus sabe... o Meu Amor é doce, é encantadora, é terna, é mansidão, é pluma leve, é seiva viva, é clara feito lua cheia. Queria eu poder ficar com Meu Amor, diante do Infinito, de mãos dadas, ouvindo palavras que o coração capta antes mesmo de serem dias.
O Meu Amor - eu a vi de minha janela. Eu tenho uma janela, dela espio o mundo. Ao amanhecer entram raios de sol, feito luz. Estava debruçado, esperando o raiar do dia. Ele veio e a trouxe consigo.
Seus cabelos longos são esconderijo para mim. Seus olhos grandes e claros guardam mistérios. Sua boca é desenhada e a brancura de seus dentes está sempre à amostra, exibida pelo sorriso maroto. Ah, assim é o Meu Amor!
Mas, ela não esta aqui. Não posso entrelaçar minhas mãos as suas diante da lua resplandecente. Oh, Santo Antonio, o Meu Amor não e meu. É da noite. Pertence ao sonho, ao mistério, ao proibido.
Eu vi em seus olhos claros um ‘que’ um de tristeza. Sei que o Meu Amor também quer vir ao meu encontro. Mas, foi como uma brisa. Contra seu desejo, eu sei! O Meu Amor se foi e eu fiquei adoecido. Um pedaço de mim partiu com ela.
Nosso amor arde feito brasa, nossos corpos se encontram como abelha ao pólen. O seu cheiro me embriaga e sua saliva é como balsamo para a saudade. Assim é o seu beijo, doce, macio, suave.
Mas, Meu Amor não esta aqui. Eu não posso tocar em suas mãos macias e seus dedos delicados, como os de um anjo. Minha avó dizia que anjos tinham dedos longos para tocar harpa. Eu reparei, ela poderia tocar harpa....
Santo Antônio, nesta noite clara e fria de inverno, um pedido te faço. Um só. Traga o Meu Amor. Se o meu pedido não pode ser atendido, faça com que eu compreenda a dor e a transforme em fortaleza para meu viver.
Celica Vebber
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