Enamorar-se

Não há melhor remédio para o amor do que amar ainda mais!

Enamorar é encantar-se. Encantamento é quando nosso coração, silenciosamente, espera pelo outro e se enche de alegria quando ele aparece. É desejar, ardentemente, estar perto, tocar, sentir – sem tomar posse. É desejar fazer parte da história, sem apagar o que já foi construído.

Enamorar-se é quando se pousa discretamente o olhar no outro, acaricia a bochecha e se refaz o contorno dos lábios, imaginando um beijo. Depois, fica-se ali, vigiando, cuidando, sonhando, contemplando.

Enamorar é contemplar. Contemplar é um ato divino. É descobrir a beleza, e a ela se render. É encontrar o sentido da vida nas coisas mais simples da existência. É deixar o tempo escorrer feito um filete de água que desce da montanha. Sem fuga, sem pressa, sem medo da queda.

Quem se enamora entende mais sobre a arte de amar. Sim, pois o amor precisa da contemplação. Precisa sentir o perfume das flores, o cheiro da terra molhada. Precisa descobrir o segredo da lua cheia e ouvir o som das folhas ao vento. Só quem está enamorado tem o poder de desvendar a angústia deixada pelo entardecer, os mistérios da noite, ou ainda, a lágrima escondida por detrás de um sorriso.

Enamorar é aproximar-se de Deus. É se permitir viver de forma mais doce, mais suave, mais leve. É colocar a ternura no lugar da rispidez, o sorriso no lugar da impaciência, o canto no lugar do sermão e respostas no lugar de infinitas dúvidas.

É transformar o rancor em alegria, o vazio interior num templo de desejos. É acordar para as delícias da vida, sem suspirar pelo futuro. É ir ao encontro, é ser presença, é dizer sim, é  ser solidário, é ajudar, estender a mão por puro prazer.

Enamorar é desnudar-se de preconceitos e culpas. É descobrir caminhos como faz o pingo de chuva. É decidir viver sem medo de ser feliz.

Celica Vebber