Conta-se que, certa vez,
um agricultor cujos campos não produziam, optou por roubar trigo dos seus
vizinhos. Imaginou que se retirasse um pouco de trigo de cada campo, ninguém
haveria de perceber. E ele teria com que se alimentar e à família.
Quando a noite chegou,
tomou da filha, uma menina de 10 anos e foi ao campo de trigo do vizinho mais
próximo.
Filha, - ele sussurrou -
você fica de guarda. Se enxergar alguém, me avise logo.
Mal iniciara a colheita,
ouviu a garota gritar:
Papai, alguém está vendo você!
Assustado, ele olhou ao
redor. Não viu ninguém. Amarrou rapidamente o trigo que recolhera e foi para o
segundo campo.
Logo a criança tornou a
gritar:
Papai, alguém está vendo
você!
Ele parou. Não havia
ninguém à vista. Amarrou o trigo roubado e rumou para o terceiro campo.
De imediato, a menina
gritou:
Papai, alguém está vendo
você!
Irritado, ele foi para
junto da filha e falou:
Por que você fica dizendo
que alguém está me vendo? Não há ninguém por perto. Ninguém nos vê.
Num murmúrio, como se temesse
ser ouvida por mais alguém, a menina disse:
Há sim, papai. Deus está
vendo o que você faz. Ele tudo vê. Não importa seja noite escura, sem lua. Não
importa que você faça escondido. Ele vê.
Quantas vezes, em nossas
vidas, temos agido como o agricultor da história?
Realizamos ações às
ocultas dos olhares humanos e imaginamos que ninguém jamais saberá o que
fizemos.
Assim urdimos a calúnia,
enganamos o próximo, armamos intrigas.
E que dizer dos crimes
contra a vida, cometidos em salas fechadas, em noites escuras? Aborto,
eutanásia, violências no lar.
Ainda somos daqueles que
imaginamos que o mal não tem importância, desde que ninguém saiba que o
cometemos.
No entanto, embora
possamos passar impunes pelas leis dos homens, que não nos descobrirão os
feitos covardes, a Divina Justiça tudo vê e anota.
Um dia, de consciência
desperta, haveremos de responder perante a Lei Maior por tudo o que de errado
fizemos.
E a justiça da Lei
determina que seja dado a cada um conforme as próprias obras.
A chaga que abrimos na
alma de alguém pode lhe ser luz e renovação. Mas para nós, os causadores da
dor, será sempre chaga de aflição a nos pesar na vida.
A injúria que lançamos aos
semelhantes é chibata mental que nos chicoteia.
Porque cada consciência
vive dentro dos seus próprios reflexos, evitemos o mal, mesmo porque todo o mal
que fizermos aos outros é mal para nós mesmos.
A fé raciocinada nos
revela que nenhuma ação passa despercebida, que nada é desconsiderado na
contabilidade divina.
Se acreditarmos nisso, com
certeza agiremos melhor, para nossa própria felicidade.
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