Nenhum de nós precisou comer pedra e ir entalado para o
hospital, para saber que pedra não se come. A gente simplesmente sabe. Porque
lá trás, quando um cidadão iluminado criou esse mundo, algumas coisas foram
determinadas... Entre elas, que pedra é para construir, não para comer.
Da mesma forma, quando encostamos a mão numa panela
quente, rapidamente retiramos, antes de nos queimar. É um reflexo. Um instinto
de sobrevivência. Nosso cérebro age em frações de segundos. Não precisamos
pensar antes de tirar a mão e nem derretê-la na danada da panela, simplesmente
tiramos, automaticamente.
Mas me contem aqui... Por que esse instinto de
sobrevivência ou esse automatismo lógico não funciona com nosso coração?
Por que nosso coração não sabe o que é bom ou ruim pra
gente?
Por que ele não fala com todas as letras “sai fora antes
que você quebre a cara”?
Por que ele não fala se é ele o primeiro a se dar mal?
Ao contrário do cérebro, nosso coração não evoluiu ao
ponto de saber definir o que é e o que não é bom para nossa vida.
Volta e meia estamos envolvidos em relações sem nexo, sem
paixão, sem razão nenhuma de ser.
Envolvidos num
duelo entre o pensar e o sentir, entre o saber e o descobrir.
Envolvidos com pessoas que, esta escrito na cara: Eu não
sou para você! Nós não temos futuro!
E nós cegos, ou melhor, insistentemente cegos,
momentaneamente cegos e propositalmente cegos, vamos lá conferir e ver no que
dá...
Vamos lá pagar o preço, perder nosso tempo, nossos beijos
e quebrar a cara mesmo sabendo que no fim, mais uma vez, não vai dar em nada.
Deus! Jesus! Santo Antônio Casamenteiro! De onde vem essa
insistência? Essa mania de querermos algo que sabemos (de antemão) que não vai
dar certo?
Por que duas pessoas que têm essências, hábitos, desejos
e sonhos tão contrários se envolvem?
Chamem de química. Paixão. Atração. Desejo.
Seja lá o que for essa coisa louca, algo nos leva a
insistir em relações com pessoas que não têm nada a ver com a gente.
E que nunca dariam certo e que nunca dão, efetivamente.
De onde o coração tirou que ele pode ser independente e
seguir na direção contrária da razão (aquela, que nos avisa o tempo inteiro:
sai daí)?
Será que, no futuro, estaremos evoluídos a ponto de nos
atrairmos somente pela pessoa certa? A ponto de coração e razão entrarem em
acordo. Ou estamos fadados a viver pra sempre dando cabeçada por aí e nos
envolvendo com as pessoas erradas?
Acreditamos que os opostos não se atraem, mas insistimos
em opostos, em contrários, em pessoas super-nada-a-ver. Insistimos e aprendemos.
Talvez por isso existam tantas pessoas erradas...
Aprendizado. Preparação. Porque quem não vive o errado,
não valoriza o certo.
Seria perfeito amar sem sofrer, ter sucesso e dinheiro
sem trabalhar, seria – e seria fácil, sem graça, sem valor também.
Essa mesma razão que nos leva pensar: Por que eu insisti?
Por que eu caí nessa outra vez? Nos leva a concluir que a vida é assim... Que
razão e emoção não costumam falar a mesma língua e que o amor é isso mesmo,
meio loteria, meio destino, meio loucura.
Não queira entender... Apenas sinta!!!