Realmente...como ninguém te amou antes.... Qualquer semelhança não é coincidência é realidade!

sábado, 24 de dezembro de 2011

RIFA-SE UM CORAÇÃO

Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista. Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga. Um coração moleque que insiste
em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade
está um pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração que acha que
Tim Maia estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero,
é isso que eu espero...".
Um idealista...
Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz,
sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando
relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional que abre sorrisos
tão largos que quase dá pra engolir as orelhas,
mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado, ou mesmo utilizado
por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas
Para quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem
passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras
e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro
na hora da prestação de contas:
"O Senhor pode conferir.
Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro
que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda não foi adotado, provavelmente,
por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar, mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta.

Clarice Lispectro

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

ENCONTRO DAS ALMAS

Dizem que para o amor chegar não há dia, não há hora, nem momento marcado para acontecer. Ele vem de repente e se instala no mais sensível dos nossos órgãos, o coração. Começo a acreditar que sim. Mas percebo também que pelo fato deste momento não ser determinado pelas pessoas, quando chega, quase sempre os sintomas são arrebatadores. Vira tudo às avessas e a bagunça feliz se faz instalada. Quando duas almas se encontram o que realça primeiro não é a aparência física, mas a semelhança d'almas. Elas se compreendem e sentem falta uma da outra. Se entristecem por não terem se encontrado antes, afinal tudo poderia ser tão diferente. No entanto sabem que o caminho é este e que não haverá retorno para as suas pretensões. É como se elas falassem além das palavras, entendessem a tristeza do outro, a alegria, o desejo, mesmo estando em lugares diferentes. Quando almas afins se entrelaçam passam a sentir saudade uma da outra num processo contínuo de reaproximação até a consumação. Almas que se encontram podem sofrer bastante também, pois muitas vezes tais encontros acontecem em momentos onde não mais podem extravasar toda a plenitude do amor que carregam toda a alegria de amar e querer compartilhar a vida com o outro, toda a emoção contida à espera do encontro fatal. Desejam coisas que se tornam quase impossíveis, mas que são tão simples de viver. Como ver o pôr-do-sol, caminhar por uma estrada com lindas árvores, ver a noite chegar, ir ao cinema e comer pipocas, rir e brincar, brigar às vezes, mas fazer as pazes com um jeitinho muito especial. Amar e amar, muitas vezes sabendo que logo depois poderão estar juntas de novo sem que a despedida se faça presente. Porém muitas vezes elas se encontram em um tempo e em um espaço diferentes do que suas realidades possam permitir. Mas depois que se encontram ficam marcadas, tatuadas e ainda que nunca venham a caminhar para sempre juntas, elas jamais conseguirão se separar. E o mais importante: terão de se encontrar em algum lugar. Almas que se encontram jamais se sentirão sozinhas porquanto entenderão, por si só, a infinita necessidade que têm uma da outra para toda a eternidade...

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Aprendi...

Aprendi que o tempo cura,
que a mágoa passa,
que a decepção não mata,
 e que o hoje é reflexo de ontem.
Compreendi que podemos chorar sem derramar lágrimas,
que os verdadeiros amigos permanecem;
que a dor fortalece,
e que vencer engrandece.
Aprendi que sonhar não é fantasiar,
que a beleza não está no que vemos e sim no que sentimos,
e que o valor está na conquista.
Compreendi que as palavras têm força,
que fazer é melhor do que falar;
que o olhar não mente,
e que viver é aprender com os erros.
Aprendi que tudo depende da vontade,
que o melhor é ser você mesmo,
e que o grande segredo da vida é fazer o que se quer.
Compreendi que o certo é viver intensamente,
e que para ser feliz... BASTA QUERER!

Bem-te-vi Na Janela


Quando os primeiros raios de sol despontaram no horizonte,
Pedindo que a noite fosse embora, um Bem-te-vi cantou na minha janela.
Seu cantar doce e suave como a brisa da manhã, foi despertando meu coração. Lembrei de minha avó. Em noites de verão, quando a lua queria imitar o sol, uma turma de crianças acocorava ao seu redor para que nos contasse histórias de bruxas e feiticeiros, boi-tata e mula sem cabeça.
Muitas destas histórias guardei em minha memória. Mas, uma em especial sempre voltava à minha lembrança. Era a história do canto do Bem-te-vi.
Minha avó dizia que quando o Bem-te-vi cantava na janela era porque algo inesperado iria acontecer. Naquele dia era preciso ficar atento. A pessoa não poderia gritar, mentir ou trapacear. Era preciso ser prestativo e ajudar a todos que necessitassem. Se a pessoa não cumprisse as regras de bom comportamento, sete anos de azar iriam lhe acompanhar.
Ela afirmava: vocês conhecem o Zé da Pipa? Homem já velho e solitário, não tinha amores, nem dinheiro, nem amigos.... falava sozinho e por onde ia, sempre carregava um saco cheinho de entulhos. Contavam que quando jovem era muito rico e famoso, mas não havia respeitado o cantar do Bem-te-vi.
No entanto, quem acolhesse o cantar do Bem-te-vi seria agraciado com presentes do Universo. Era preciso prestar atenção no cantar do pássaro..... Então, bastaria fazer um pedido.... e o Bem-te-vi voaria com ele sobre as asas – até Deus.
Cresci, desejando que um Bem-te-vi cantasse em minha janela.
Hoje ele cantou...
Fiquei em silêncio, acompanhando a melodia de meu amigo, pousado janela. Fechei meus olhos e fiz um pedido. Um só!
Pedi um amor - um amor que pudesse, no final da tarde, sentar-se comigo em baixo de uma árvore, tomar um chimarrão e lembrar histórias de nossos avós. Pedi um amor companheiro, doce e suave, que pudesse envelhecer comigo. Pedi que aquele canto trouxesse o meu Bem Amado, paz, saúde e sabedoria.
Quando abri meus olhos, o Bem-te-vi já havia deixado a minha janela....
Agora, os raios de sol brilhavam mais forte, acariciando minha testa.
Será que ele voou com o meu pedido! Será que hoje algo inesperado vai acontecer:
Por via das duvidas, vou falar baixinho.... e sorrir a quem passar por mim....
Ficarei atento.... E, se você precisar de mim, estarei pronto para ajudar.
Algo bom vai acontecer! Acredite.
Celica Vebber

Não deu certo! E agora?